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Jogos ganham novas funções nas empresas

Jogos ganham novas funções nas empresas

Mapear qualidade de vida e garantir segurança estão entre os objetivos Thais Sant\'Ana

Já pensou em relatar aos seus superiores o clima, os problemas e coisas boas da empresa na qual você trabalha por meio de um jogo de computador? Ou aprender dicas de segurança e prevenção de acidentes de trabalho com ajuda de um game? Nada disso é invenção. Os jogos "sérios" – criados especialmente para o ambiente corporativo - já são uma opção usada por muitas companhias.

Desenvolvidos para plataformas multimídias como intranet ou Internet - dependendo da escolha do cliente -, os jogos com objetivos corporativos, conhecidos por serious games ou jogos "sérios", são utilizados para seleção e recrutamento de candidatos, treinamento de funcionários e até como método de aprendizado em instituições de ensino.

Segundo uma pesquisa de 2007 da The E-learning Guild, realizada com mais de 1000 desenvolvedores, designers e gerentes de empresas americanas, as pessoas lembram-se de apenas 10% do que leem e 50% do que veem ou ouvem. Mas apreendem 90% daquilo com o que interagem. Segundo a instituição, nos Estados Unidos 50% dos bancos e empresas na área de finanças e contabilidade e 35% das empresas de seguro já utilizam games para treinar seus colaboradores.

Um estudo do Apply Group, empresa especializada em consultoria de marketing, mostrou que na Europa 66% das grandes companhias querem introduzir os jogos sérios em seus treinamentos até 2012.

No Brasil, a nova geração de jogos surge na contramão da crise. Segundo Cristina Araújo, diretora da empresa especializada em treinamento e desenvolvimento de games Technology and Training (T&T), há uma explicação: “Os serious games, por serem ferramentas de baixo investimento e alto potencial em resultado, estão sendo uma ótima opção neste momento de crise”, avalia.

Qualidade de vida - Um exemplo disso é o Vivida, game criado por uma parceria entre o banco HSBC e a T&T. O jogo será implantado em todas as unidades brasileiras do banco a partir de 2010 e aplicado a todos os funcionários - dos estagiários aos diretores. Seu objetivo é mapear a qualidade de vida dos empregados e, com isso, identificar medidas e campanhas para melhorar essas condições.

De acordo com Cristina, a proposta do jogo é muito mais atraente do que a de um formulário de papel. “Tanto no jogo quanto no papel, o que se faz é um convite ao colaborador, ele pode ou não aceitar. A diferença está na proposta. Um papel, ele nem pega ou, quando pega, não responde”, diz ela. Além disso, o desafio representado pelo jogo e a maneira como o jogador se envolve com ele favorecem respostas mais sinceras, acredita a diretora.

O Vivida é baseado em jogos conhecidos, como o jogo de tiros, a brincadeira da esteira, do martelo e a corrida de carros. Na brincadeira da esteira, por exemplo, o colaborador escolhe os alimentos que mais lhe agradam. Com esse resultado, a empresa pode melhorar a qualidade das refeições e, também, o empregado pode avaliar se está comendo bem. Já no jogo de carros, a empresa pode identificar quais métodos de transportes os funcionários mais usam para chegar ao trabalho e, assim, estudar alternativas.

Mais segurança e menos acidentes - O game Desafio BSG, ainda está em fase de desenvolvimento, levará às a distribuidoras de combustíveis um simulador de transporte de cargas de risco. O objetivo é avaliar o motorista e conscientizá-lo para uma conduta segura.

Encomendado pela BSG, empresa especializada em procedimentos de segurança, o game torna virtuais ambientes reais de carregamento, transporte e descarregamento de cargas perigosas. O simulador permitirá, por exemplo, que o motorista vivencie a situação de uma pista com aquaplanagem, na qual sua direção ficará mais solta, ou de uma estrada de terra, quando o volante passará a trepidar, exigindo, assim, uma mudança de conduta.

A Eureka Officina de Ideias, empresa especializada no desenvolvimento de games "sérios", também já produziu jogos preocupados com o bem estar de funcionários. Segundo o diretor da empresa, Crispiniano Manzano, um deles tinha o objetivo de auxiliar na solução dos problemas com acidentes de trabalho em uma grande multinacional. “Nessa empresa, aconteciam mais de 50 acidentes por mês", relembra. "Os funcionários e gestores puderam avaliar as condutas necessárias para melhorar a situação vivenciando-as no game.”

Manzano procura também desenvolver jogos para avaliar o clima organizacional das empresas. “Essa é uma aposta para um futuro próximo, pois responder como se sente por meio de um jogo é muito mais interessante para a empresa e para o funcionário”, diz.

Não precisa tanto – Gustavo Nascimento, gerente de relacionamentos da Foco Talentos, empresa especializada na seleção e recrutamento de estagiários e trainees, garante que graças à interatividade esses jogos conseguem atrair todos os níveis de profissionais – tanto os mais jovens, quanto os mais velhos. “O que precisamos agora é que as empresas, de fato, ouçam e executem todas as sugestões e ideias dadas por seus colaboradores nesses jogos”, recomenda.

Data Publicação 24/11/2011

Hora Publicação 11:16